
Há algo de sagrado no instante em que dois corpos se unem num abraço. Não é
apenas pele com pele, nem braços entrelaçados — é o coração a dizer “estamos
juntos”, mesmo quando as palavras falham.
O abraço é um território neutro. É pausa. É presença. E nessa pausa, o corpo agradece.
A ciência comprova: abraçar reduz os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
Quando nos envolvemos num abraço genuíno, é como se o sistema nervoso soltasse
um suspiro. A pressão sanguínea estabiliza, o ritmo cardíaco abranda, e um
sentimento de paz se instala.
Mas para além da química, há poesia. Um abraço pode segurar uma tristeza que não
se consegue dizer, pode oferecer força sem prometer soluções. Pode ser despedida ou
reencontro, desculpa ou celebração. Um abraço é universal — atravessa línguas,
culturas, idades.
Num mundo que vive ao ritmo de mensagens instantâneas, um abraço é um gesto
valoroso e merece resistência.
Adoro abraçar, e tem pessoas que tem um tão gostoso que dá vontade de morar dentro
daquele abraço. Não há “abraço certo”, mas há “certo abraço”. Aquele se torna
especial não pela forma, mas pela intenção. É aquele que é dado com presença, com
respeito, com entrega. Um abraço com poder é aquele que acolhe sem invadir, que
conforta sem sufocar, que escuta sem falar. Pode ser longo ou breve, apertado ou
suave — mas tem de ser sincero.
Na linguagem do corpo, o abraço é aquele em que ambos se sentem seguros, visto os
aceites. Esse é o abraço que cura — o que nos liga a nós mesmos e ao outro, no mais
humano dos gestos.
Um abraço pode ser oferecido e recebido de um amigo, familiar e, se consentido, de
um total desconhecido. Se for da alma, vai ser poderoso. Tem dias que precisamos
desse afago. Então, deixa o mundo lá fora por um instante. Abre os braços, fecha os
olhos e permite que um abraço verdadeiro te encontre — Pode não resolver tudo, mas
é um excelente começo.
E aí, vai um “certo abraço” hoje?