Nem tudo são flores

Tem gente que vê maldade até num elogio.

Se você diz “como você tá linda!”, a criatura já pensa: “tá querendo alguma coisa…”

Se oferece ajuda, é porque “tem interesse em algo…”

Se indica um serviço, “deve ganhar comissão…”

E se simplesmente cuida, escuta, apoia, “deve estar tramando alguma.”

Vivemos numa era em que a competição está ficando cada vez mais acirrada no sentido de quem tem mais, se sente uma pessoa “melhor” e mais segura — nesse caso mais inveja, falta de empatia e compaixão, forças motrizes da vida dela. Criam um falso escudo de autoconfiança no exercício desses que se tornam valores das suas vidas.

Olha esse exemplo que parece bobo, mas já diz muito — uma mulher olha pra outra e, em vez de admirar, mede, analisa o cabelo, o quadril, o número de seguidores e o marido. Se for bonito, então, o número de inabilidades aumenta – DELA!

Se uma pessoa admirável adoecer — toma! Está recebendo o que merece!

E os julgadores masters de plantão... esses realizam este exercício com mais facilidade do que abrem uma torneira. Assim fazem com a competência alheia, questionam também a prosperidade, e a durabilidade deste sucesso, sempre baseados nesses sentimentos tão pequenos, que na realidade escondem sua falta de segurança, ou competência, e o desejo de se tornar ou ter o mesmo daquela pessoa que insiste em desdenhar.

A inveja, essa danada, se esconde em comentários sutis:

“Ah, ele só consegue porque tem tempo sobrando…”

“Também, puxa-saco desse jeito até eu faria sucesso…”

“Imagina, ela posta tanta coisa, deve estar querendo aparecer, aí tem…”

E enquanto isso, a vida passa.

O café esfria.

A amizade que podia florescer, murcha e morre.

O carinho sincero é mal interpretado.

E a ajuda verdadeira é descartada com desconfiança.

E cá entre nós: tem gente que acha que toda boa ação vem com segundas (ou terceiras) intenções.

Isto se torna muito mais visível em uma comunidade pequena, hiperlocal, onde, literalmente, os rostos têm nome e endereço.

“Será que ela trabalha na campanha de alguém?” Ou deve estar se preparando para se candidatar?

O que acontece é que nem sempre quem ajuda quer um cargo.

Nem todo mundo que aparece pra somar quer um lugar no palanque.

Às vezes, é só alguém com coração quentinho e solidário mesmo — e destinou um tempo para ajudar. Sem slogan, sem santinho, sem número de urna.

A real é que quem vive nessa lógica da disputa perde o melhor da vida: o afeto genuíno.

E existe quem age assim, inconscientemente, por traumas e dores na sua vida.

E tem que levante a bandeira da insensibilidade, da calúnia, e do desprezo ao outro como adjetivos necessários para exercer sua superioridade.

E seja qual for o caso, nada justifica. A sugestão é que procure ajuda profissional.

Essa pessoa não é feliz. Que se perceba e se cure.

E essas pessoas podem começar neste processo quando, ao ver alguém elogiando, ajudando, indicando o outro ou aplaudindo… incentivar o agradecimento!

Vai ver a pessoa só gosta mesmo de ver o outro bem.

E se essa pessoa for daquelas que está sempre auxiliando os outros, de alguma forma, já tendo esse histórico que a valide como tal, que ocorra uma reflexão tentando perceber com o coração, a verdade genuína, antes de instigar o pensamento, sentimento e a língua, nervosa e mal-intencionada, sobre ela.

No final das contas, ninguém obtém abundância, é próspero, lastreando sua vida nesses comportamentos negativos.

O mundo, a vida, pode ser melhor que isso, apesar disso.

Temos a escolha de ver nas flores a sua beleza, o seu aroma, a sua energia.

Os espinhos estão ali, mas se não o valorizarmos, não nos machucarão.